domingo, 27 de maio de 2007

Líder: Adelino Colombo

Adelino Colombo lidera a maior rede de eletrodomésticos do Rio Grande do Sul
Pioneiro na venda de televisores no Rio Grande do Sul, Adelino Colombo dirige a terceira maior rede de eletrodomésticos do Brasil e a primeira no Rio Grande do Sul. Aos 70 anos de idade, é o principal executivo da companhia. Desde a criação da primeira loja, ele reinveste os lucros continuamente para o aprimoramento e profissionalização da empresa. Há 40 anos, a Lojas Colombo era um pequeno estabelecimento comercial e oficina técnica. Hoje, o patrimônio líquido da empresa é de R$ 125,629 milhões. No ano passado, faturou R$ 580,73 milhões, com um lucro líquido de R$ 21,21 milhões. Contabiliza 295 lojas, com um total de 4,5 mil colaboradores. Possui 2 milhões de clientes cadastrados e conta com 500 fornecedores no Brasil e exterior. Mantém cinco grandes centros de distribuição, localizados em Farroupilha/RS, Porto Alegre/RS, Sumaré/SP, Curitiba/PR e Arapongas/PR. Para 2001, é estimado um faturamento de R$ 850 milhões.
Entrevista
Banas Qualidade: Quando o senhor percebeu que a Lojas Colombo poderia ser mais do que uma pequena loja de eletrodomésticos?
Adelino Colombo: Convidei um primo, Dionysio Balthasar Maggioni, que trabalhava em Porto Alegre e era rádio-técnico para montar a loja comigo e vender eletrodomésticos. Como a maioria das empresas brasileiras, iniciamos praticamente sem capital, em novembro de 1959. Mas o grande salto foi em1960, quando foi lançada a televisão em Porto Alegre. Como Farroupilha está localizada na Serra, não tínhamos obstáculos até Porto Alegre e o sinal foi transmitido sem dificuldade. Por isso, começamos a vender televisores. A oficina facilitava a assistência técnica, o que auxiliou nossos negócios. Na época, Farroupilha era um pouco mais do que uma vila, o mercado era pequeno. Passamos, então, a vender para a região e surgiu a idéia de expansão.
Banas Qualidade: O senhor imaginava que isso fosse acontecer ou a demanda foi surgindo?Adelino Colombo: Nada se planejou. Na época não se imaginava isso, até porque não tínhamos dinheiro. Planejamos apenas a criação de uma loja. Eu tinha um armazém, já estava estabelecido e queria ter mais um negócio para melhorar as condições de vida da minha família, não mais do que isso. Nem sequer podia passar pela nossa cabeça que poderíamos ter mais de uma loja. Começamos expandindo com uma loja em Caxias do Sul e depois fomos para as cidades de São Marcos e Flores da Cunha. As vendas deram certo e começamos a crescer. Mas sem planejamento nenhum.
Banas Qualidade: O atendimento foi um diferencial para o sucesso da iniciativa? Quais os valores mantidos até?
Adelino Colombo: O meu primo não tinha conhecimento de vendas e, por isso, eu atendia o armazém e a loja. Eu tinha tanta disposição que ia ligeiro de bicicleta de um local para outro, cerca de seis quadras, para atender os clientes que chegavam. Demos muita atenção desde o início a dois fatores. Um deles são os recursos humanos. Sempre procuramos pessoas bem preparadas e que pudessem prestar um bom serviço e serem bem remuneradas por isso. A outra questão que valorizamos muito é o respeito com o cliente. Iniciamos o trabalho em uma cidade pequena, onde não existem muitos clientes para disputar. É importante fidelizar o cliente, para que ele retorne. Se a nossa loja estivesse em São Paulo, por exemplo, passariam milhares de pessoas que poderiam comprar os nossos produtos. Mas no interior, tivemos a preocupação de um bom atendimento e um serviço de qualidade desde o princípio. E mantemos isso até hoje. Todos nós somos consumidores. Se observarmos nosso comportamento, nem sempre procuramos o melhor preço, mais, sim, o melhor atendimento e a confiança naquilo que compramos. O local, a limpeza, a ambientação; todos esses detalhes são importantes.
Banas Qualidade: São desenvolvidos treinamentos periódicos?
Adelino Colombo: Sempre. Nós temos uma equipe própria de treinamento. Investimos muito nessa área.
Banas Qualidade: Como o senhor delega as funções, tendo em vista que hoje a Colombo tem muitas lojas? De que maneira são definidas e capacitadas as lideranças nas filiais?
Adelino Colombo: Procuramos promover os nossos colaboradores. Dificilmente contratamos de fora, preferimos preparar aqueles que se destacam e capacitá-los para assumirem o gerenciamento. Mantemos, por exemplo, trainees nas diversas áreas, com treinamentos permanentes. Assim, temos sempre um gerente pronto para assumir uma eventual necessidade. Os gerentes que se destacam são promovidos a supervisores e a gerentes regionais. É um trabalho em escala. Os diretores atuais são pessoas que evoluíram dentro da empresa. Valorizamos nossos recursos humanos.
Banas Qualidade: Muitos líderes afirmam que suas empresas se consolidaram no mercado quando começam a trabalhar em equipe. O senhor concorda? O que aconselha para os empreendedores de hoje?
Adelino Colombo: O trabalho em equipe é muito importante. Confesso que para mim é um pouco difícil, mas estou começando a delegar mais. Ninguém pode liderar uma equipe se não tiver o princípio básico da liderança. Liderança não se compra no armazém, na farmácia ou no shopping. Se conquista. Para um líder ter sucesso, ele deve saber lidar com as pessoas e avaliar a hora de ser rígido e maleável. Mas eu acredito que, acima de tudo, o líder tem que ser parceiro. Tem que tratar as pessoas com respeito. Acho que isso é o mais importante.
Banas Qualidade: Como é que o senhor administra o seu tempo?
Adelino Colombo: Eu trabalho muito, mas consigo administrar tempo para o meu lazer e meus hobbies. Me disciplinei. Gosto muito de pescar e caçar. Também tenho um sítio, onde passo os meus fins de semana. Lá, adoro cozinhar, ficar com a família. Sou eu quem faço os almoços de domingo.
Banas Qualidade: A Lojas Colombo é hoje uma empresa de destaque em informatização. Como o senhor analisa questões como resistência a mudanças e à inovação?
Adelino Colombo: Nunca fui e nunca serei retrógrado. A Lojas Colombo é hoje a empresa de varejo mais bem desenvolvida do Brasil na área de informática. Estamos sempre atentos às novas tecnologias. Algumas destas inovações eu inclusive não domino, evidentemente, mas não sou resistente às mudanças. Sou um incentivador.
Banas Qualidade: O que é fundamental na Colombo hoje?
Adelino Colombo: Uma empresa não sobrevive sem clientes, colaboradores e patrimônio. Se qualquer um desses três faltar, não funciona. Se não tiver cliente, não tem para quem vender; se não tiver colaborador, ninguém vai abrir a loja; e se não tiver dinheiro, não se vai para frente. Esse tripé é a base de uma empresa.
Banas Qualidade: Quais são os próximos projetos da empresa?
Adelino Colombo: Recentemente, inauguramos uma mega loja em Curitiba, com 3 mil metros quadrados. É uma loja diferente das demais, pois nossos principais fornecedores montam sua própria área, com a linha de produtos exposta no espaço. Em cada área, é mantida uma pessoa especializada na apresentação dos produtos, além de nossos vendedores. É um sistema novo. Eu jamais imaginei que um dia teria uma loja de 3 mil metros quadrados num shopping. E muito menos trezentas lojas.
Banas Qualidade: Qual a sua avaliação sobre a qualidade das empresas gaúchas em geral?Adelino Colombo: Hoje, as empresas estão melhor preparadas. Em um cenário competitivo, cada uma está procurando se desenvolver em um determinado nicho de mercado. A qualidade do varejo no Rio Grande do Sul nunca esteve tão forte como agora. Além disso, nossos fornecedores estão muito mais estruturados.
Banas Qualidade: Desde a adesão ao PGQP, como vem sendo estruturado o sistema de gestão pela Qualidade da Colombo?
Adelino Colombo: Ainda temos muito o que fazer. Já existem uma série de lojas participando. A Lojas Colombo foi a primeira na área do comércio a aderir ao sistema de gestão pela Qualidade.
Banas Qualidade: O senhor pode ser considerado um vitorioso. Já vivenciou muitas conquistas. Qual o sonho que ainda gostaria de realizar?
Adelino Colombo: Jamais me considerei realizado. Na minha opinião, um pessoa não pode se supor realizada, porque sempre tem alguma coisa a mais a fazer. O importante é ter o espírito do desenvolvimento, de criar riqueza, de oportunizar empregos, de fazer novas frentes e fortalecer cada vez mais a empresa para que ela possa se perpetuar e permanecer no mercado. Não me considero realizado e acho que tenho muita coisa a fazer. Eu jamais pararia de trabalhar. Se você faz aquilo que gosta, ou você gosta daquilo que faz, não tem razão de trocar. Eu adoro o meu trabalho, faço com prazer, com alegria. Não me estresso, não brigo com ninguém porque não sou ganancioso, não é o dinheiro que me motiva.
Banas Qualidade: São quantos diretores lhe auxiliando hoje?
Adelino Colombo: Atualmente, são quatro diretores, mas ainda faltam dois que farão parte do grupo. A médio prazo iremos contratar um diretor superintendente que será meu sucessor na companhia.
Banas Qualidade: Quais as sugestões que o senhor daria para o pequeno empresário que esta começando no mercado?
Adelino Colombo: Não importa o tamanho do negócio. A empresa pode ser pequena, do tamanho de uma sala. Se a pessoa sabe o que faz, conhece o ramo, é um especialista naquela atividade e tem a preocupação de crescer, ela tem chances no mercado. O que não pode acontecer é gastar o primeiro lucro em benefício próprio, que não traz retorno para a empresa, como um carro ou casa de luxo. É preciso reinvestir em seu negócio. Fortalecer a empresa cada vez mais. Eu não gostaria de ser um diretor rico de uma empresa pobre. Optaria por ser um diretor pobre em uma empresa rica, para construir um patrimônio. Tenho orgulho de dizer que só fui morar em um apartamento próprio quando completei 25 anos de casado. Antes, eu pagava aluguel porque, na minha visão, preferia manter esse gasto do que sacar o valor da empresa para investir em uma casa. A empresa sempre esteve acima do luxo, porque era o meu negócio, o meu futuro. Comecei com uma loja em Farroupilha e hoje são 295 lojas em todo o Brasil. A Lojas Colombo é a terceira rede no ranking nacional e a primeira no Rio Grande do Sul.
Fonte: Entrevista elaborada pela equipe editorial da Enfato Comunicação Empresarial para a editora Banas Qualidade (entrevista de 2002)

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